quinta-feira, 30 de maio de 2013

Charlecote Park e Mary Elizabeth Williams


Comecemos pelo início, a propriedade histórica que visitamos no Sábado: Charlecote Park. 
Está nas 'mãos' da mesma família desde o século XII, os 'Lucy'. A guia fez questão de esclarecer que os actuais 'Lucy' são jovens, têm dois filhos (homens) pequenos, e vivem ainda numa parte privada da mansão. A herança via filho varão está assegurada. 
A propriedade é enorme, tem jardins a perder de vista e fica aos pés do rio Avon. O tempo estava um espectáculo, com sol e quentinho, e aproveitei os jardins imensos e a relva fofa para descansar o esqueleto.
É uma casa típica da dinastia 'Tudor', embora tenha sido mudada e alterada ao longo dos séculos.
A decoração interior é, por exemplo, quase toda Victoriana. A rainha Isabel I, filha do rei Henrique VIII, passou duas noites na mansão e Shakespeare gostava de caçar, ilegalmente, na propriedade. Chegou a ser apanhado pelo dono da casa que o levou à justiça. Mais tarde o poeta vingou-se numa das peças de teatro, escrevendo coisas não muito abonatórias sobre o aristocrata. 
Uma das histórias que achei mais interessantes foi a de Mary Elizabeth Williams, que casou com o herdeiro da casa, George Lucy, e veio viver para Charlecote em 1823. Era filha de nobres muito ricos, do País de Gales, e escreveu um diário sobre a sua vida e da família, com informação muito interessante. Ao que parece, não queria casar com o futuro marido mas acabou por amá-lo e foram muito felizes.

No diário relatou, entre outras coisas, episódios da grande viagem que fez com o marido e filhos pela Europa, durante dois anos, onde acabou por perder um dos filhos bebé. Teve uma vida repleta de alegrias e tragédias, com a morte de alguns dos filhos, mas segundo consta revelou ser uma mulher forte e positiva. Sabe-se que gostava de tocar harpa, tirei foto da sua harpa e uma 'foto da foto' da senhora em questão... 
O diário que escreveu está publicado em livro (Mistress of Charlecote) e é considerado um documento importante para melhor entender a sociedade britânica do século XIX, até porque não era comum senhoras do seu estatuto escreverem diários tão pormenorizados sobre a sua vida, desafios, gestão de uma grande casa senhorial etc.

A harpa de Mary Elizabeth Williams

 Foto da senhora tirada pouco tempo antes de falecer (1803-1890)

Outra informação curiosa são as ovelhas que estão na propriedade, que são de raça portuguesa 'Jacob'. Não percebo nada de ovelhas, nem sei qual o nome da raça em português. O facto é que um dos donos da casa, George Lucy, em 1756, comprou ovelhas desta raça em Portugal e ainda hoje existem descendentes na propriedade. 
Charlecote Park tem restaurante, gelataria, área para piqueniques, duas livrarias com livros em segunda mão, veados e ovelhas a passear pelo parque, loja de lembranças, loja gourmet etc, mas é sobretudo um oásis de tranquilidade. Recomendo vivamente!

 Ponte antiga em Charlecote Park

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Toda uma vida

Este casal estava, esta manhã, atrás de nós enquanto esperávamos na fila para entrar numa casa senhorial. Algum tempo depois encontrei-os aqui, no jardim, a conversar e a ler os panfletos de informação. Tinham dificuldade em andar mas não ficaram em casa. Porque o saber não tem idade nem limites. Gostei tanto de os ver que não resisti e tirei a foto. Amigos, felizes e provavelmente juntos toda uma vida :)!

domingo, 26 de maio de 2013

Visitinha de médico ao blogue...

A Inglaterra é realmente bonita. Stop. Tantas histórias para contar. Stop. E o tempo está maravilhoso (18 graus hoje). Stop. E amanhã é feriado. Stop. Volto em breve :)!

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Guia Eyewitness Grã-Bretanha

Gosto muito dos guias de viagem da Eyewitness. Trazem boa informação histórica sobre os destinos, do que é mais importante visitar e o que não se deve deixar escapar, e muito mais fotografias do que qualquer outro guia. Em Portugal acho que são conhecidos como guias American Express. 
Visto que tenho tido a sorte de ir fazendo muitas viagens de fim-de-semana por Inglaterra, um país belíssimo e, na minha opinião, subestimado (com a excepção de Londres) como destino internacional, resolvi que estava na hora de comprar o guia da Grã-Bretanha. Aproveitei a boleia e comprei também o de Portugal, para quando nos aventurarmos pelo interior norte, e não só.  
Mas voltando ao guia da Grã-Bretanha, ainda pensei comprar uma edição antiga e mais barata (assim de 2006/07) pois as atracções clássicas nunca mudam. Mas a demora foi ver esta capa com Chatsworth House... A partir daí fiquei convencida de que tinha que ser esta a nossa edição, a mais recente. É talvez a mansão histórica mais bonita do país. Para além disso, foi palco de um momento importante da nossa história a dois ;)!

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Como dizem os ingleses, 'not my cup of tea'...

Há dois 'assuntos' abordados na literatura aos quais não dou hipótese: histórias sobre o mundo do fantástico, monstros ou ficção científica, e livros que envolvam o esmiuçar de um crime. São géneros literários em que nem pego nos livros, salvo raras excepções. 
Gosto de histórias bem contadas, profundas, que envolvam a complexidade da natureza humana, investigação de determinados períodos históricos e/ou de biografias bem 'acolchoadas'. Admito que ande a perder muito por não ler coisas desse género, pois sei que há escritores muito bons a escrever policiais e fábulas, mas não são mesmo a minha onda. E como ainda tenho um Mundo para ler...

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Da beleza da palavra

"Nascer pequeno e morrer grande, é chegar a ser homem. Por isso nos deu Deus tão pouca terra para o nascimento, e tantas para a sepultura. Para nascer, pouca terra; para morrer toda a terra. Para nascer, Portugal: para morrer, o mundo”.

                                     Padre António Vieira, Sermão de Santo António!

*P.S - Penso que publiquei isto noutra ocasião. Mas nunca será demais voltar a ler algo tao belo...

terça-feira, 14 de maio de 2013

Angelina


E hoje admiro-a ainda mais!

Margaret Thatcher - a minha visão



Um dia o senhor Winston Churchill disse isto: «You have enemies? Good. That means you've stood up for something, sometime in your life.»
Não poderia estar mais de acordo. E era assim que começava o artigo que estava a ler, na quarta-feira de manhã, quando ia a caminho do trabalho. Uma reportagem sobre Margaret Thatcher, um misto de apanhado histórico e de balanço ao seu legado.
Acabei de ler a reportagem segundos antes de sair do comboio. Avançei para a rua e estava fechada ao trânsito, cheia de polícias e cães polícia, as pessoas iam parando e observando. Como fui com tempo, fiquei por ali cerca de 20 a 30 minutos, para ver se o cortejo fúnebre passava.
Todos os dias tenho que atravessar a Fleet Street, a rua que leva à Catedral de St. Paul, onde o funeral se realizou. Vi muitos jornalistas, ouvi outras tantas opiniões. E, não reunindo consensos, Margaret Thatcher gerou debate, raiva, agitação, apoio e repulsa. Mas não deixou quase ninguém indiferente. 
Confesso que tinha pela baronesa uma grande admiração. Não gosto particularmente do Partido Conservador, mas admirava a forma como ascendeu ao poder, vinda de uma família normal e de uma zona "banal" de Inglaterra. Era mulher e chegou à liderança do partido em 1975, quando a economia britânica estava em recessão e tinha pouca relevância na escala global.
Não é fácil entrar no círculo de poder, ainda para mais no Partido Conservador com uma espinha dorsal aristocrática e elitista, e ganhar terreno num Parlamento inglês que era um 'playground' de homens. 
A senhora Thatcher fez reformas económicas importantíssimas no país. Tomou a decisão de avançar para a guerra e lutar pelas Malvinas, quando tudo parecia indicar que era um grande erro estratégico. Teve a coragem de mandar fechar as minas por não serem rentáveis - e aqui falhou, na minha opinião, quando lançou milhares de mineiros no desemprego sem lhes dar alternativas. Criou taxas que tenho de pagar e que pouco me agradam, como o 'council tax' que é basicamente uma taxa mensal, de cerca 130 euros, que qualquer pessoa tem de pagar, esteja a alugar ou a viver numa propriedade sua, e isto para além da prestação mensal ao banco e de todas as outras despesas. 
A baronesa abriu espaço para as mulheres na política, lutou de igual para igual com os grandes líderes mundiais 'de calças' e - mais importante do que tudo - quando acreditava que deveria seguir determinado caminho pouco se importava com as reacções, críticas ou com futuras eleições. Era para levar até ao fim custasse o que custasse. Quantos políticos têm coragem para agir desta forma? Não me lembro de nenhum. Pensam na popularidade, nas eleições, em empregar bem os amigos e apoiantes do partido e no curto prazo.
Margaret Thatcher acreditava que cada indivíduo deveria lutar pela seu sucesso, sem estar à espera que o Estado o sustentasse, e ia mais longe quando dizia "There is no such thing as society: there are individual men and women, and there are families." Concordo novamente. 
Depois privatizou tudo e mais alguma coisa, e a privatização dos caminhos de ferro, e dos transportes públicos em geral, foram um erro na minha opinião. Os serviços são caríssimos e não têm melhorado.
A baronesa acreditava na abertura dos mercados, na menor intervenção do estado, e deu um empurrão ao crescimento capitalista e selvático do sector bancário. 
Apesar de tudo, acho que o legado positivo é muito mais importante. Em resumo, a ideia de que qualquer pessoa poderia ter sucesso, de que era importante testar e avançar com ideias de negócio, e, por fim, de que as mulheres podem conjugar carreira e família, e não devem ser tratadas de forma diferenciada, ou relegadas para segundo plano, por serem mulheres. 
Gosto particularmente de um episódio contado pelo meu amigo N., que leu uma biografia de Thatcher há uns anos. No parlamento inglês, a primeira-ministra disse qualquer coisa como "the Russians call me the Iron Lady...", virou-se para os deputados comunistas e acrescentou "...Indeed, I am!".
A Rainha Isabel II reconheceu a importância histórica de Margaret Thatcher quando decidiu que iria ao funeral. Foi apenas a segunda vez que o fez durante o seu reinado, tendo a primeira sido no funeral de Winston Churchill. Foi uma bonita homenagem da monarca a uma líder que inovou a política do Reino Unido, e colocou a economia num patamar que nunca antes tinha alcançado, a sétima mais competitiva do Mundo. 

P.S - E escrevo agora sobre a Baronesa porque evito falar de assuntos quando estão a fervilhar. Gosto de deixar assentar o pó...

domingo, 12 de maio de 2013

O cemitério de Highgate


Uma visita improvável, podem alguns pensar. Mas o cemitério de Highgate, no norte de Londres, é um local muito interessante, carregado de história e última morada para vários ilustres como Karl Marx. Um ex-aluno já me tinha falado que valia a pena visitar, e ontem resolvi ir explorar e aproveitar o facto de uma querida amiga trabalhar como guia voluntária. 
Quando foi construído, em 1839, Highgate foi o primeiro cemitério privado de Londres. Hoje é também um espaço protegido, de relevância histórica, e uma reserva natural. Devo confessar que, embora não estivesse com receio, a ideia de andar a 'passear' pelos túmulos tinha qualquer coisa de sinistro. Mas é um espaço com uma mística incrível, com muita paz e sossego, embora ache que não gostaria de andar por ali sozinha. 
A guia - a nossa querida M. - explicou que quando foi construído o cemitério situava-se fora de Londres, era numa zona rural rodeada de quintas agrícolas. Hoje não só faz parte de Londres, cujas fronteiras se expandiram, como é considerada uma zona nobre e cara.
Existem ali árvores centenárias, flores selvagens mas também túmulos e catacumbas com uma arquitectura muito interessante. Entrámos num dos túmulos e confesso que tive algum receio, pois estava escuro, a guia tinha uma lanterna, e haviam caixões encaixados nas prateleiras há décadas, ou séculos. 
Para além de Marx, que atrai muitos visitantes, estão sepultados muitos escritores, historiadores e as suas famílias. Os pais, alguns dos filhos e a esposa de Charles Dickens estão ali enterrados, e o escritor chegou a visitar várias vezes o túmulo da filha Dora, que morreu ainda criança. O espião russo Alexander Litvinenko, que foi envenenado há poucos anos, Norman Warne, da família de editores que resolveram apostar no livro de aventuras do coelhinho Peter Rabbit, de Beatrix Potter, que se tornou um fenómeno da literatura infantil. Beatrix Potter e Norman apaixonaram-se e ficaram noivos secretamente, até que ele faleceu quando ela estava de férias com a família em Lake District, e não soube da morte do noivo até regressar a Londres. O filme sobre a vida de Beatrix Potter, com a actriz Renee Zellweger, explora esta bonita história de amor, que não era bem vista pela família Potter, que os dois tinham a intenção de formalizar. A escritora fez muitas visitas ao cemitério para colocar flores na campa do amado.  
E muitas mais histórias nos foram contadas, mas deixo estas para vos dar uma ideia. Vale bem a pena pagar para fazer a visita guiada, e aprender sobre a história do cemitério e dos seus moradores permanentes. 

quinta-feira, 9 de maio de 2013


E depois ha' fases (muito longas por sinal) em que se vai avancando sem questionar. Engolem-se os 'sapos' todos, anda-se no escuro e 'as cabecadas, ja' nem reagimos 'as quedas e assim vamos caminhando para destino incerto...

terça-feira, 7 de maio de 2013

Seis anos e 6000 milhas depois


Uma história no mínimo curiosa. Uma senhora americana que foi de férias ao Hawai, há 6 anos, e perdeu a câmara fotográfica durante um sessão de mergulho. Seis anos passaram quando recebeu uma chamada da companhia aérea 'China Airlines' para lhe dizer que a câmara tinha sido encontrada, em Taiwan. 
Uma funcionária da linha aérea chinesa viu a máquina numa praia da costa de Taiwan. Recolheu-a e o cartão de memória estava intacto e operacional. A companhia contactou o seu staff em Honolulu, capital do Hawai, e através de uma campanha na internet, em que foram divulgadas algumas das fotos, conseguiram chegar à dona da máquina, Lindsay Scallan.
Seis anos e 6000 milhas depois. Boa promoção para a Cannon e para a China Airlines, que ofereceu uma viagem à senhora para ir a Taiwan buscar a máquina.

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Just cozy ... # 33


Bliss!

We do. São tão poucos os feriados neste país. Este é o terceiro este ano, e embora ande por aqui perdida em estatísticas, e a preparar uma apresentação, sabe bem estar em casa. Escrever, analisar, olhar para o jardim, preparar um café e ir avançando, ao meu ritmo e sem chefes. E, logo, ainda se vai ao centro tomar um café, e dar uma beijoca à madrinha!

domingo, 5 de maio de 2013

Esparregado

Ontem fiz esparregado de espinafres pela primeira vez. E devo dizer que, para primeira vez, não ficou nada mal. Estava aliás delicioso, com a consistência e as doses de pimenta e noz moscada certas. Mais um acompanhamento para o cardápio pessoal :)!

sábado, 4 de maio de 2013

Planos de fim-de-semana

Um fim-de-semana prolongado com almoço entre amigos, um pouco de turismo lá pelo sul, piquenique com mais amigos e um lanche com a madrinha mana. E trabalho, uma apresentação para preparar, leituras académicas a colocar em dia e um curso para ir avançado. Bom fim-de-semana a todos!

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Just cozy ... # 32


Cinco vezes?

A cantora Mariah Carey voltou a casar com o marido pela quinta vez. Ao que parece, desde que deram o no' pela primeira vez nunca se separaram, ou divorciaram. Pelo que estas atitudes que a imprensa qualifica como 'manias de diva', parecem-me mais de louca do que de diva. De quem nao tem o que fazer ao dinheiro, mas que pode muito bem  doar o que gastou, em cada uma das quatro inuteis festas, a instituicoes que bem dele precisam. Digo eu...

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Bem-vindo


Olá Maio. Vem, entra... Não tragas apenas azedas notícias. Traz mais calor, contrabalança, faz-me acreditar, dá-me oxigénio. O resto eu procuro :)!