domingo, 31 de dezembro de 2017

domingo, 24 de dezembro de 2017

sábado, 23 de dezembro de 2017

O tio Manuel do Curaçau

O meu pai tinha dois anos quando o tio Manuel emigrou para o Curaçau, nas Caraíbas. Era irmão da minha avó paterna, Maria, e, segundo os meus cálculos, deixou a Madeira em 1952. Não me lembro de ouvir falar dele em criança, embora tenha uma vaga ideia de ouvir comentários sobre a família do Curaçau. O tio Manuel só voltou à Madeira 50 anos depois, em 2002. Um dia estava em casa nos meus afazeres e o meu pai chamou-me num tom de urgência e excitação: Rubi vem cá, vem conhecer o tio Manuel do Curaçau". Desci e fui cumprimentar um tio desconhecido, até para o meu pai que era seu sobrinho legítimo. Mas o meu pai estava visivelmente feliz com a visita. O tio Manuel era um homem simpático e calmo.
Ele contou ao meu pai que tinha ido visitar a irmã Maria, a minha avó. Quando se aproximou da porta, que estava aberta, e bateu a minha avó olhou para ele e disse: "se vem vender tapetes pode ir embora, tenho muitos e não preciso de comprar mais", ao que ele retorquiu: tapetes? Maria sou eu, o Manuel, o teu irmão".
Acho esta história hilariante, embora não me surpreenda. A avó Maria era assim toda despachada e sem papas na língua. Tinha um feitio duro e nem sempre afável, tal como o meu pai. Tenho pena de, na altura, não ter a maturidade e a mesma curiosidade pelas histórias de emigração que tenho hoje. E de poder saber, pela voz da primeira geração, como foi a aventura do tio Manuel e da sua família no Curaçau.

domingo, 17 de dezembro de 2017

Jane Eyre de Charlotte Brontë


Acabadinha de ler o 'Jane Eyre', fiz uma viagem mental à vila de Haworth, no condado de Yorkshire, que tive a sorte e o privilégio de ter visitado há três ou quatro anos. Foi um dia maravilhoso em que visitei a igreja onde o reverendo Patrick Brontë, pai das escritoras e um homem das letras, celebrava missa no século XIX, a casa paroquial,onde a família vivia, lia e escrevia, e a própria vila de Haworth que é encantadora (como podem ver na foto).
Em muitas destas ocasiões acontecem coisas que me emocionam. No livro Jane Eyre, de Charlotte Brontë, o tio de Jane Eyre vai viver para a Madeira e, ao morrer, deixa-lhe a sua fortuna pessoal. Para Jane foi uma ajuda gigantesca pois era orfã e ganhou a sua independência financeira. 
Mas voltando à igreja de Haworth, quando estava a visitar o interior um funcionário pediu que assinasse o livro de visitas e colocasse de que país vinha. Escrevi Portugal e ele perguntou de que parte de Portugal era. Quando disse que era da Madeira ele ficou muito entusiasmado e afirmou o seguinte:''o actual reverendo adora a Madeira, todos os anos vai de férias e fica hospedado no Funchal''. Mas que coincidência engraçada.
Essa semana de férias em Yorkshire foi realmente marcante. Não só pela visita a esta histórica vila, para sempre ligada à família Brontë, mas também pela nossa estadia em Scarborough e Whitby, pequenas cidades à beira-mar. Anne Brontë está sepultada em Scarborough e fomos visitar a igreja e a sua campa. Tenho que arranjar tempo para partilhar algumas fotos dessa semana. Tenho a certeza que iriam gostar de ver.