quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Gentinha

Recentemente encontrei-me com um rapaz da minha terra que vive em Inglaterra há muitos anos. Na troca de impressões que se seguiu, fiquei muito satisfeita por ver a sua evolução, espírito dinâmico, perspectivas de futuro etc. Casou com uma inglesa, montou o seu negócio, tem dois filhos. Quando falávamos da família nuclear, disse que tinha muito orgulho do que está a construir porque na terrinha ninguém o queria para constituir família. Fiquei chocada com a afirmação. Ele explicou que, vindo de origens tão modestas e largamente conhecidas por lá, sempre sentiu que ninguém iria querer juntar-se a um membro da sua família. Fiquei prestes a explodir.
Sei da realidade que marcou a sua infância. Foi muito pobre, mas digna e honesta. Sei que vim de um 'background' favorável, e muito privilegiado, quando comparado com ele. Isso nunca me fez sentir melhor ou superior. Sempre ouvi da minha mãe que pobreza não é defeito. E por isso fiquei tão indignada com as suas afirmaçoes, e sei que muita gente os via dessa forma. E não entendo, e revolta-me, e dá-me vontade de gritar, e dizer: até parece que aquilo é terra de fidalguia e aristocratas. Que não somos todos iguais. Até porque, como diz um grande amigo: a personalidade pode abrir portas, mas é o carácter que as mantém abertas!

4 comentários:

  1. Talvez o teu amigo não tenha evoluídp tanto assim, Rubi. Realmente esse seu discurso é retrógado, cheira a mofo e parece saído de uma mente pequena. Desculpa a dureza do discurso, mas não é de pessoas assim que se constrói um país verdadeiramente moderno a todo e qualquer nível e não apenas em auto-estradas, centros comerciais e comboios de alta velocidade.

    Beijinhos.

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  2. A pior pobreza e' a de espirito... E sim ha' muitas pessoas assim, bem mais do que por vezes pensamos ou queremos acreditar...infelizmente...
    Mas tambem ha' muitas como o teu conhecido e isso e' que e' de louvar :)
    Parabens a ele e sua familia.


    Bjos

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  3. JL: é bem mais complicado do que isso... Talvez não tenha sido suficientemente clara. Mas a exclusão marca e de que maneira...

    Breaking: amiga, pois, a tua profissão ajuda-te a perceber este enquadramento... Jokinhas

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  4. Querida a minha profissao ajuda-me a contextualizar e racionalizar uma realidade conhecida...

    Beijocas

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