Edição sem editores - Crónica de Pedro Mexia
"(...) Esta nova ideologia da edição consiste em avanços generosos,
grandes tiragens, autores de sucesso, pressão comercial, anti-elitismo,
mercantilismo infrene. Alguns dos novos «editores» vêm da indústria do
entretenimento, e aplicam ao livro a lógica do entretenimento, alheios a
qualquer especificidade. Todos os produtos se equivalem, e as editoras
tornam-se «fábricas de sapatos», diz o decepcionado Schiffrin.
Para
as pequenas editoras, a vida A.C. («after conglomerates») é previsível:
«num primeiro momento, o grupo comprador publica uma declaração
entusiástica, elogiando a editora comprada e prometendo manter as suas
gloriosas tradições; garantem que não haverá nenhuma modificação
importante, e que, na medida do possível, não haverá despedimentos.»
Depois, vêm «alguns cortes», «absolutamente necessários para a
eficácia», depois umas «fusões», em nome da «racionalização» e do
«sucesso». E o resultado é sempre o mesmo, acabar com a autonomia
editorial, fazer editoras sem editores."
Crónica de Pedro Mexia na Revista LER - Edição de Abril (2012)
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