quarta-feira, 6 de junho de 2012

Capitães de areia


Nos últimos meses, tenho enfrentado situações  que me têm exigido que olhe para determinados acontecimentos sob a perspectiva de outra pessoa,  que me coloque nos olhos de X, Y e Z e volte a avaliar a situação. E se por norma não olho apenas para o meu umbigo, fechada na zona de conforto, confesso que esta obrigação tem sido uma aprendizagem enorme, que me faz espernear menos e reflectir mais.
E isto voltou a acontecer com a leitura dos ‘Capitães de Areia’. Uma história crua, triste e ritmada que conta as vivências, e sobrevivências, de um grupo de meninos sem pai, nem mãe, nem tecto em Salvador da Baía. E Jorge Amado consegue entrar na cabeça deles, entranha-se na alma e no espírito deste grupo de crianças que nada têm, para além da fidelidade uns com os outros.
Não são apenas ‘bandidos’, têm sonhos e pesadelos, procuram criar laços de família entre eles, sonham com uma mãe e cama quente, com um abraço e um lar. Amam a liberdade acima de tudo. Liberdade essa que os faz roubar, enganar, desafiar a polícia e a sociedade. Uma realidade tão triste numa obra muito boa!

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