Nos últimos meses, tenho enfrentado situações que me têm exigido que olhe para determinados
acontecimentos sob a perspectiva de outra pessoa, que me coloque nos olhos de X, Y e Z e volte a
avaliar a situação. E se por norma não olho apenas para o meu umbigo, fechada
na zona de conforto, confesso que esta obrigação tem sido uma aprendizagem enorme,
que me faz espernear menos e reflectir mais.
E isto voltou a acontecer com a leitura dos ‘Capitães de Areia’. Uma história
crua, triste e ritmada que conta as vivências, e sobrevivências, de um grupo de
meninos sem pai, nem mãe, nem tecto em Salvador da Baía. E Jorge Amado consegue
entrar na cabeça deles, entranha-se na alma e no espírito deste grupo de crianças
que nada têm, para além da fidelidade uns com os outros.
Não são apenas ‘bandidos’, têm sonhos e pesadelos, procuram criar laços
de família entre eles, sonham com uma mãe e cama quente, com um abraço e um
lar. Amam a liberdade acima de tudo. Liberdade essa que os faz roubar, enganar,
desafiar a polícia e a sociedade. Uma realidade tão triste numa obra muito boa!
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