(Jornalista) "... Há, de facto, muitos sistemas políticos que sujeitam as crianças a verdadeiras lavagens ao cérebro. Tiram as crianças aos pais, à força, e vão transformar essas mesmas crianças em granadas úteis ao regime.
Angelina Jolie - Sem dúvida. Mas, durante as filmagens, de quem me lembrei foi do meu filho Pax. O Pax tinha três anos quando o vimos pela primeira vez, num orfanato no Vietname. O método era este: a comitiva do orfanato e os pais potenciais vão pelo corredor fora, depois entramos num dormitório em que há cerca de 20 caminhas metálicas, e no momento em que a enfermeira bate as palmas, quando vamos a entrar, as crianças levantam-se, descem da cama para o chão e colocam-se em fila indiana. O momento em que ele me partiu o coração foi quando tentámos dar-lhe um ursinho de peluche. Gostou imenso. Mas devolveu-me o boneco, com a enfermeira a explicar que ele não estava habituado a ter coisas só dele. Não é que o Vietname tenha feito um mau trabalho nos orfanatos. Viviam-se momentos de crise, havia muitas crianças e uma maneira de gerir a situação é estruturar tudo até ao pormenor. Foram crianças educadas com pouca liberdade. Há momentos em que ainda vejo isso no Pax. É um miúdo cheio de amor. Mas há nos olhos dele um bocadinho da vida que ele teve no orfanato. Há momentos em que precisa mesmo de saber onde é que estão as coisas dele. Há aspectos por resolver. Há sempre aspectos por resolver quando fomos programados de certa maneira.
In revista 'Única', Expresso
Angelina Jolie - Sem dúvida. Mas, durante as filmagens, de quem me lembrei foi do meu filho Pax. O Pax tinha três anos quando o vimos pela primeira vez, num orfanato no Vietname. O método era este: a comitiva do orfanato e os pais potenciais vão pelo corredor fora, depois entramos num dormitório em que há cerca de 20 caminhas metálicas, e no momento em que a enfermeira bate as palmas, quando vamos a entrar, as crianças levantam-se, descem da cama para o chão e colocam-se em fila indiana. O momento em que ele me partiu o coração foi quando tentámos dar-lhe um ursinho de peluche. Gostou imenso. Mas devolveu-me o boneco, com a enfermeira a explicar que ele não estava habituado a ter coisas só dele. Não é que o Vietname tenha feito um mau trabalho nos orfanatos. Viviam-se momentos de crise, havia muitas crianças e uma maneira de gerir a situação é estruturar tudo até ao pormenor. Foram crianças educadas com pouca liberdade. Há momentos em que ainda vejo isso no Pax. É um miúdo cheio de amor. Mas há nos olhos dele um bocadinho da vida que ele teve no orfanato. Há momentos em que precisa mesmo de saber onde é que estão as coisas dele. Há aspectos por resolver. Há sempre aspectos por resolver quando fomos programados de certa maneira.
In revista 'Única', Expresso
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