quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Born to rule



Acabei de ler esta maravilha e não poderia deixar de dar a minha opinião. 

Esta biografia junta a história, mais ou menos explorada, de cinco netas da Rainha Victoria do Reino Unido. Quis o destino que acabassem por ser rainhas em cinco países diferentes da Europa.

Alexandra (imperatriz da Rússia), Maria (Rainha da Roménia), Victoria Eugénia (rainha de Espanha e avó do actual Rei Juan Carlos), Maud, a primeira rainha da Noruega, e Sophie, rainha da Grécia.

A obra é fruto duma exaustiva investigação. A escritora e historiadora Julie Gelardi esteve cinco anos a investigar e a viajar para poder produzir este livro. O resultado é um excelente documento histórico, feito através do cruzamento de várias e boas fontes.

O livro, muito bem escrito, mostra a relação de proximidade e admiração que as cinco rainhas nutriam pela avó mas também as relações de amizade e de família, entre elas, as privações e dificuldades que passaram e o seu legado para a história dos países onde reinaram. 
 
A escritora dá maior protagonismo à historia de Alexandra Feodorovna, a mais famosa, a tsarina que acabou por ser assassinada junto com a família, pelos bolcheviques, em 1918. Maria – Rainha da Roménia, uma mulher bonita e com uma personalidade fascinante, e Sophie, a rainha grega que foi mandada para o exílio por duas vezes, perdeu um filho e o marido, e Victoria Eugénia de Espanha, que também desenvolveu um grande trabalho na área social, em Espanha, mas nunca teve o reconhecimento que merecia.

Aprendi um pouco mais sobre os erros fatais do tsar Nicholas II, que o obrigaram a renunciar ao trono, e levaram a sua família a ser réfem dentro do seu próprio país.

Alexandra da Rússia era extremamente religiosa, detestava a corte russa – que considerava falsa e materialista – nunca foi popular e era tímida. A timidez foi confundida com arrogância e falta de amor à pátria. Alexandra deu quatro princesas ao país mas o filho desejado veio só 10 anos após o casamento, e era hemofílico, doença que Alexandra herdou da avó, a rainha Victoria.  

Foi a doença do filho que fez com que Alexandra se aproximasse de Rasputin, o vidente do povo que a tsarina acreditava que mantinha Alexei, o futuro tsar, vivo após as crises de hemofilia. A verdade é que, por diversas vezes, o jovem esteve à beira da morte e recuperou sem explicação médica. Mas Rasputin estava longe de ser o padre iluminado e bem comportado que Alexandra pintava. Era, aliás, mulherengo e bebia muito, influenciou Alexandra a escolher membros do governo que lhe eram próximos, e quase analfabetos. Foram erros fatais, uns atrás dos outros, para além das guerras perdidas por Nicholas II, com exércitos grandes em número mas mal preparados. Nicholas e Alexandra casaram-se por amor, e apaixonados viveram até ao dia em que foram mortos. A imperatriz fez uma grande obra social na Rússia mas foi pouco reconhecida.


A família Romanov da Rússia
   
Maria da Roménia casou-se com o príncipe Ferdinando, herdeiro ao trono, quando tinha apenas 17 anos. Teve dificuldade em se adaptar ao país e a tarefa não foi facilitada pelo rei Romeno da altura, Carol I, tio de Ferdinando. Mas a rainha não só aprendeu a amar a Roménia como cresceu em popularidade, trabalhou em prol do povo, como enfermeira durante a guerra, era uma mulher bonita, persuasiva e charmosa e usou todos os atributos para criar boas relações com o seu povo e além fronteiras. Conseguiu com isso divulgar a Roménia, aumentar o território do pais, após a guerra, e era extremamente popular dentro e fora da Roménia. Manteve uma relação de amizade com o marido, teve vários amantes mas conseguiu sempre ser o braço direito do rei, e estiveram sempre juntos quando o país precisou. Maria da Roménia até consentiu que, no leito da morte, o rei Ferdinando se despedisse da sua amante.

 Rainha Maria da Roménia


Sophie da Grécia teve um casamento feliz, com o rei Constantino I, mas um reinado muito atribulado. Não só pelos tumultos gerados pelos apoiantes republicanos mas também pela forma injusta como a Grécia foi tratada, durante a primeira guerra mundial, por optar pela neutralidade. Os aliados, sobretudo os franceses, fizeram com que o rei e a rainha fossem prisioneiros no seu próprio país, e tiveram de abandonar a Grécia por duas vezes. A desconfiança em relação à rainha estava sobretudo ligada ao facto de ter tido uma educação alemã e ser irmã de Wilhelm II, o último imperador alemão. Mas Shophie não tinha uma relação próxima com o irmão e o imperador alemão até chegou a apoiar os turcos numa guerra contra a Grécia. Wilhelm, ao contrário da irmã, era uma pessoa extremamente conflituosa e difícil. 

 Shophie e Constantino da Grécia 

Victoria Eugénia de Espanha, a rainha que casou com o rei Alfonso XIII, casou por amor mas não foi feliz. Apesar de tudo, nunca mostrou qualquer fraqueza ou se queixou da forma fria, e cruel, com que o marido várias vezes a tratou. Alfonso teve amantes e um rancho de filhos ilegítimos. Diz-se que perdeu o interesse pela rainha a partir do momento em que descobriu que o filho varão também era portador de hemofilia, a maldita doença que Victoria Eugénia também 'herdou' da avó e rainha inglesa.

Dois dos filhos eram hemofílicos e um terceiro era surdo. O único saudável foi Juan, o pai do actual rei de Espanha. Victoria Eugénia deu um grande impulso à Cruz Vermelha espanhola, apoiava muitas causas sociais e integrou-se bem mas nunca foi totalmente aceite em Espanha. Foi sempre vista como a 'inglesa', embora até fosse popular junto do povo.

 Victoria Eugénia de Espanha

Achei piada à forma como Maud se tornou rainha da Noruega. A Noruega quis separar-se da Suécia e achou por bem ter uma casa real. Foi então lançado o nome da princesa inglesa e do marido, Haakon, um príncipe dinamarquês. Maud era de todas a mais tímida mas também a mais terra à terra. O marido também era um homem pouco protocolar, e foram extremamente populares na Noruega tendo um reinado muito calmo. Parece que o país nasceu sem tumultos e assim continua, excepção feita ao tarado que causou o recente genocídio.

 Maud e Haakon da Noruega

O livro não é apenas uma simples descrição da vida das cinco netas da rainha Victoria. A análise e cruzamento de factos e eventos, as relações que mantinham com as famílias influentes da altura, e os muitos dramas que viveram demonstram que nascer em berço de ouro não é garantia de felicidade. A rainha mais velha foi Maud, que nasceu em 1869, e a última a morrer foi Victória Eugénia, de Espanha, cem anos depois, em 1969. 

5 comentários:

  1. Que bela descrição. Fiquei interessada. Já estará traduzido em português?

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  2. que delícia!!! Já anotei para tentar comprar na Flórida em janeiro!!! Este e a biografia de Lucrécia Bórgia.... Obrigada pela dica, mais uma vez, amiga!

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  3. O livro é delicioso. 'Era uma vez', não faço ideia se está traduzido em português. Vou tentar saber. Beijinhos

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  4. Fiquei chocada com a largura da cintura da rainha da última foto! Como é possível!?

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  5. Pinky: realmente ela tem uma cintura muito fina, sei que gostava de desporto, talvez seja por isso! :) Abraço!

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