Acabei de ler esta maravilha e não poderia deixar de dar a minha opinião.
Esta biografia junta a história, mais ou menos explorada, de cinco netas da Rainha Victoria do Reino Unido. Quis o destino que acabassem por ser rainhas em cinco países diferentes da Europa.
Esta biografia junta a história, mais ou menos explorada, de cinco netas da Rainha Victoria do Reino Unido. Quis o destino que acabassem por ser rainhas em cinco países diferentes da Europa.
Alexandra (imperatriz da Rússia), Maria (Rainha da Roménia), Victoria Eugénia (rainha de Espanha e avó do actual Rei Juan Carlos), Maud, a primeira rainha da Noruega, e Sophie, rainha da Grécia.
A obra é fruto duma exaustiva investigação. A escritora e historiadora Julie Gelardi esteve cinco anos a investigar e a viajar para poder produzir este livro. O resultado é um excelente documento histórico, feito através do cruzamento de várias e boas fontes.
O livro, muito bem escrito, mostra a relação de proximidade e admiração que as cinco rainhas nutriam pela avó mas também as relações de amizade e de família, entre elas, as privações e dificuldades que passaram e o seu legado para a história dos países onde reinaram.
A escritora dá maior protagonismo à historia de Alexandra Feodorovna, a mais famosa, a tsarina que acabou por ser assassinada junto com a família, pelos bolcheviques, em 1918. Maria – Rainha da Roménia, uma mulher bonita e com uma personalidade fascinante, e Sophie, a rainha grega que foi mandada para o exílio por duas vezes, perdeu um filho e o marido, e Victoria Eugénia de Espanha, que também desenvolveu um grande trabalho na área social, em Espanha, mas nunca teve o reconhecimento que merecia.
Aprendi um pouco mais sobre os erros fatais do tsar Nicholas II, que o obrigaram a renunciar ao trono, e levaram a sua família a ser réfem dentro do seu próprio país.
Alexandra da Rússia era extremamente religiosa, detestava a corte russa – que considerava falsa e materialista – nunca foi popular e era tímida. A timidez foi confundida com arrogância e falta de amor à pátria. Alexandra deu quatro princesas ao país mas o filho desejado veio só 10 anos após o casamento, e era hemofílico, doença que Alexandra herdou da avó, a rainha Victoria.
Foi a doença do filho que fez com que Alexandra se aproximasse de Rasputin, o vidente do povo que a tsarina acreditava que mantinha Alexei, o futuro tsar, vivo após as crises de hemofilia. A verdade é que, por diversas vezes, o jovem esteve à beira da morte e recuperou sem explicação médica. Mas Rasputin estava longe de ser o padre iluminado e bem comportado que Alexandra pintava. Era, aliás, mulherengo e bebia muito, influenciou Alexandra a escolher membros do governo que lhe eram próximos, e quase analfabetos. Foram erros fatais, uns atrás dos outros, para além das guerras perdidas por Nicholas II, com exércitos grandes em número mas mal preparados. Nicholas e Alexandra casaram-se por amor, e apaixonados viveram até ao dia em que foram mortos. A imperatriz fez uma grande obra social na Rússia mas foi pouco reconhecida.
A família Romanov da Rússia
Maria da Roménia casou-se com o príncipe Ferdinando, herdeiro ao trono, quando tinha apenas 17 anos. Teve dificuldade em se adaptar ao país e a tarefa não foi facilitada pelo rei Romeno da altura, Carol I, tio de Ferdinando. Mas a rainha não só aprendeu a amar a Roménia como cresceu em popularidade, trabalhou em prol do povo, como enfermeira durante a guerra, era uma mulher bonita, persuasiva e charmosa e usou todos os atributos para criar boas relações com o seu povo e além fronteiras. Conseguiu com isso divulgar a Roménia, aumentar o território do pais, após a guerra, e era extremamente popular dentro e fora da Roménia. Manteve uma relação de amizade com o marido, teve vários amantes mas conseguiu sempre ser o braço direito do rei, e estiveram sempre juntos quando o país precisou. Maria da Roménia até consentiu que, no leito da morte, o rei Ferdinando se despedisse da sua amante.
Rainha Maria da Roménia
Sophie da Grécia teve um casamento feliz, com o rei Constantino I, mas um reinado muito atribulado. Não só pelos tumultos gerados pelos apoiantes republicanos mas também pela forma injusta como a Grécia foi tratada, durante a primeira guerra mundial, por optar pela neutralidade. Os aliados, sobretudo os franceses, fizeram com que o rei e a rainha fossem prisioneiros no seu próprio país, e tiveram de abandonar a Grécia por duas vezes. A desconfiança em relação à rainha estava sobretudo ligada ao facto de ter tido uma educação alemã e ser irmã de Wilhelm II, o último imperador alemão. Mas Shophie não tinha uma relação próxima com o irmão e o imperador alemão até chegou a apoiar os turcos numa guerra contra a Grécia. Wilhelm, ao contrário da irmã, era uma pessoa extremamente conflituosa e difícil.
Shophie e Constantino da Grécia
Victoria Eugénia de Espanha, a rainha que casou com o rei Alfonso XIII, casou por amor mas não foi feliz. Apesar de tudo, nunca mostrou qualquer fraqueza ou se queixou da forma fria, e cruel, com que o marido várias vezes a tratou. Alfonso teve amantes e um rancho de filhos ilegítimos. Diz-se que perdeu o interesse pela rainha a partir do momento em que descobriu que o filho varão também era portador de hemofilia, a maldita doença que Victoria Eugénia também 'herdou' da avó e rainha inglesa.
Dois dos filhos eram hemofílicos e um terceiro era surdo. O único saudável foi Juan, o pai do actual rei de Espanha. Victoria Eugénia deu um grande impulso à Cruz Vermelha espanhola, apoiava muitas causas sociais e integrou-se bem mas nunca foi totalmente aceite em Espanha. Foi sempre vista como a 'inglesa', embora até fosse popular junto do povo.
Victoria Eugénia de Espanha
Achei piada à forma como Maud se tornou rainha da Noruega. A Noruega quis separar-se da Suécia e achou por bem ter uma casa real. Foi então lançado o nome da princesa inglesa e do marido, Haakon, um príncipe dinamarquês. Maud era de todas a mais tímida mas também a mais terra à terra. O marido também era um homem pouco protocolar, e foram extremamente populares na Noruega tendo um reinado muito calmo. Parece que o país nasceu sem tumultos e assim continua, excepção feita ao tarado que causou o recente genocídio.
Maud e Haakon da Noruega
O livro não é apenas uma simples descrição da vida das cinco netas da rainha Victoria. A análise e cruzamento de factos e eventos, as relações que mantinham com as famílias influentes da altura, e os muitos dramas que viveram demonstram que nascer em berço de ouro não é garantia de felicidade. A rainha mais velha foi Maud, que nasceu em 1869, e a última a morrer foi Victória Eugénia, de Espanha, cem anos depois, em 1969.
Que bela descrição. Fiquei interessada. Já estará traduzido em português?
ResponderEliminarque delícia!!! Já anotei para tentar comprar na Flórida em janeiro!!! Este e a biografia de Lucrécia Bórgia.... Obrigada pela dica, mais uma vez, amiga!
ResponderEliminarO livro é delicioso. 'Era uma vez', não faço ideia se está traduzido em português. Vou tentar saber. Beijinhos
ResponderEliminarFiquei chocada com a largura da cintura da rainha da última foto! Como é possível!?
ResponderEliminarPinky: realmente ela tem uma cintura muito fina, sei que gostava de desporto, talvez seja por isso! :) Abraço!
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