Dos hospitais públicos no Reino Unido

Tinha uma consulta marcada para as 10 da manhã no hospital. A enfermeira recomendou que chegasse antes da hora, pode haver pessoas que faltem e assim é atendida mais cedo. Cheguei às 9:40 e às 9:50 estava dentro do consultório. Seguiram-se umas viagens pelo hospital, fazer radiografia, mudar o gesso e voltar ao consultório. 

Quando voltei, estava imensa gente à espera. A enfermeira veio ter comigo e explicou que tinha passado uma pessoa à minha frente. Visto que as radiografias ainda não tinham chegado ao pc do médico, e para ele não estar sem fazer nada, decidiu ver a próxima paciente. «Peço imensa desculpa, espero que entenda». Claro que sim, respondi.

5 minutos passados uma segunda enfermeira veio avisar que os atrasos eram de 1 hora, que pedia imensa desculpa e estavam a tentar ao máximo acelerar o processo. Não percebi a razão dos atrasos, talvez já tivesse sido explicada enquanto andava nas radiografias, e na mudança de gesso. Fiquei lá outros 10 minutos e a segunda enfermeira voltou para dar a mesma informação, que havia atrasos e pediam desculpa etc. Entretanto fui atendida e vim para casa. 

Esta foi a segunda vez que fui ao hospital. Se tivesse que lhes dar uma votação de 1 a 5 (sendo 1 muito mau e 5 excelente) teria dado nota 5 das duas vezes.

Fui atendida com atenção e simpatia, nunca esperei muito tempo, explicaram-se tudo o que estavam a fazer, e a razão porque tinham de fazer, não fui esquecida nos corredores e não paguei nada. Para mim, isto foi serviço de clínica privada num hospital público. E se há atrasos, que no meu caso não houve, desfazem-se em desculpas e explicam. Não reagem como se estivessem a fazer um grande favor a quem quer que seja, até porque não estão. Gostei, muito.

E durante essa manhã lembrei-me das mulherzinhas da minha terra. Quantas vezes ouvi: «ao fim de três meses consegui consulta no Hospital do Funchal. Estava marcada para as 8 da manhã, apanhei o autocarro das 6:45 da manhã e só fui atendida à 1 da tarde». Acreditem que ouvi, ao longo do tempo que vivi na Madeira, desabafos destes várias vezes. 

Tenho muita confiança nos médicos portugueses, e no sistema de saúde. Mas, lamento, não vejo o tipo de respeito nem a dignidade pelos pacientes que aqui vi. Muitos menos a eficácia. Talvez tive sorte, espero que não. Espero que seja sempre assim. Não me custará pagar impostos, nem casamentos reais, se o serviço continuar a ser 5 estrelas!