terça-feira, 14 de maio de 2013

Margaret Thatcher - a minha visão



Um dia o senhor Winston Churchill disse isto: «You have enemies? Good. That means you've stood up for something, sometime in your life.»
Não poderia estar mais de acordo. E era assim que começava o artigo que estava a ler, na quarta-feira de manhã, quando ia a caminho do trabalho. Uma reportagem sobre Margaret Thatcher, um misto de apanhado histórico e de balanço ao seu legado.
Acabei de ler a reportagem segundos antes de sair do comboio. Avançei para a rua e estava fechada ao trânsito, cheia de polícias e cães polícia, as pessoas iam parando e observando. Como fui com tempo, fiquei por ali cerca de 20 a 30 minutos, para ver se o cortejo fúnebre passava.
Todos os dias tenho que atravessar a Fleet Street, a rua que leva à Catedral de St. Paul, onde o funeral se realizou. Vi muitos jornalistas, ouvi outras tantas opiniões. E, não reunindo consensos, Margaret Thatcher gerou debate, raiva, agitação, apoio e repulsa. Mas não deixou quase ninguém indiferente. 
Confesso que tinha pela baronesa uma grande admiração. Não gosto particularmente do Partido Conservador, mas admirava a forma como ascendeu ao poder, vinda de uma família normal e de uma zona "banal" de Inglaterra. Era mulher e chegou à liderança do partido em 1975, quando a economia britânica estava em recessão e tinha pouca relevância na escala global.
Não é fácil entrar no círculo de poder, ainda para mais no Partido Conservador com uma espinha dorsal aristocrática e elitista, e ganhar terreno num Parlamento inglês que era um 'playground' de homens. 
A senhora Thatcher fez reformas económicas importantíssimas no país. Tomou a decisão de avançar para a guerra e lutar pelas Malvinas, quando tudo parecia indicar que era um grande erro estratégico. Teve a coragem de mandar fechar as minas por não serem rentáveis - e aqui falhou, na minha opinião, quando lançou milhares de mineiros no desemprego sem lhes dar alternativas. Criou taxas que tenho de pagar e que pouco me agradam, como o 'council tax' que é basicamente uma taxa mensal, de cerca 130 euros, que qualquer pessoa tem de pagar, esteja a alugar ou a viver numa propriedade sua, e isto para além da prestação mensal ao banco e de todas as outras despesas. 
A baronesa abriu espaço para as mulheres na política, lutou de igual para igual com os grandes líderes mundiais 'de calças' e - mais importante do que tudo - quando acreditava que deveria seguir determinado caminho pouco se importava com as reacções, críticas ou com futuras eleições. Era para levar até ao fim custasse o que custasse. Quantos políticos têm coragem para agir desta forma? Não me lembro de nenhum. Pensam na popularidade, nas eleições, em empregar bem os amigos e apoiantes do partido e no curto prazo.
Margaret Thatcher acreditava que cada indivíduo deveria lutar pela seu sucesso, sem estar à espera que o Estado o sustentasse, e ia mais longe quando dizia "There is no such thing as society: there are individual men and women, and there are families." Concordo novamente. 
Depois privatizou tudo e mais alguma coisa, e a privatização dos caminhos de ferro, e dos transportes públicos em geral, foram um erro na minha opinião. Os serviços são caríssimos e não têm melhorado.
A baronesa acreditava na abertura dos mercados, na menor intervenção do estado, e deu um empurrão ao crescimento capitalista e selvático do sector bancário. 
Apesar de tudo, acho que o legado positivo é muito mais importante. Em resumo, a ideia de que qualquer pessoa poderia ter sucesso, de que era importante testar e avançar com ideias de negócio, e, por fim, de que as mulheres podem conjugar carreira e família, e não devem ser tratadas de forma diferenciada, ou relegadas para segundo plano, por serem mulheres. 
Gosto particularmente de um episódio contado pelo meu amigo N., que leu uma biografia de Thatcher há uns anos. No parlamento inglês, a primeira-ministra disse qualquer coisa como "the Russians call me the Iron Lady...", virou-se para os deputados comunistas e acrescentou "...Indeed, I am!".
A Rainha Isabel II reconheceu a importância histórica de Margaret Thatcher quando decidiu que iria ao funeral. Foi apenas a segunda vez que o fez durante o seu reinado, tendo a primeira sido no funeral de Winston Churchill. Foi uma bonita homenagem da monarca a uma líder que inovou a política do Reino Unido, e colocou a economia num patamar que nunca antes tinha alcançado, a sétima mais competitiva do Mundo. 

P.S - E escrevo agora sobre a Baronesa porque evito falar de assuntos quando estão a fervilhar. Gosto de deixar assentar o pó...

2 comentários:

  1. eu tambem li esse artigo! :) Aqui em cima, nao gostam nada dela. Especialmente la mais para o norte da escocia.
    Vi um filme, sobre os mineiros, no outro dia. Chama-se" the happy lands" e vai estar em exibicao ai em Londres tambem. é sobre o que se passou na realidade com os mineiros escoceses, sendo os atores filhos/ netos de mineiros de verdade. Conheci o diretor e apesar de nao ser um filme que passe no CineWorl, vale a pena ver.
    Achei que talvez gostasses de saber :)

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  2. Deia, minha querida, obrigada pela informacao. Deve ser interessante. Vou tentar ver. Beijinhos

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